sexta-feira, 12 de junho de 2009

Doce conhecido como maçã do amor faz 50 anos de Brasil


















Oficialmente, produto foi patenteado em SP por imigrantes espanhóis.
Família Farre começou a vender o produto em feiras e exposições.

Famosa em junho, quando começam a pipocar pelo país as festas juninas e é o mês do Dia dos Namorados, a maçã do amor completa em 2009 meio século de existência. Pelo menos oficialmente.

Está documentado que o pedido de patente para o processo de cristalização da fruta foi feito por um imigrante espanhol em São Paulo em 1959. O benefício da exclusividade foi concedido e, a partir daí, Antonio Farre conta que o doce se popularizou.

“Eu carregava a barraquinha e a minha mãe levava as caixas com as maçãs", conta Farre, de 62 anos, que 50 anos depois ainda vende o produto na loja de doces no Tatuapé, Zona Leste da capital paulista. “As pessoas faziam fila para comprar”, lembra o comerciante, que veio ainda menino com a família da Espanha em 1954.

O título de exclusividade tem prazo determinado e, depois de alguns anos, cai em domínio público. Foi o que ocorreu com a fruta caramelizada espetada no palito, que ficou eternamente conhecida como maçã do amor.

Farre conta que, depois de “criado” o doce, a família precisava colocar um nome nele. “Meu pai um dia estava cansado depois do trabalho e falou para todos reunidos na sala: ‘ah, coloca logo maçã do amor e vamos dormir’”, revela Farre, rindo.

O espanhol vem de uma família de doceiros. Na loja dele, são vendidos churros de diversas formas e sabores. Ele conta que, como a vida de imigrante era muito difícil no Brasil, precisavam de algo que os sustentassem. E começaram com a maçã do amor. Como deu certo, resolveram patentear. “Muita gente ficou de olho. Meu pai e minha mãe começaram ter uma renda maior do que a família inteira”, diz Leandro Lopes Farre, de 35 anos, filho do comerciante.

Trâmite

Em 14 de junho de 1962, a patente do método de cristalização da “maçã coberta com açúcar colorido artificialmente”, saiu pelo prazo de 15 anos. O G1 teve acesso aos documentos originais. Quem concedeu o benefício foi o extinto Departamento Nacional de Propriedade Industrial, que, desde 1970, virou Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

O trâmite todo durou três anos. Em 1961, a Diretoria de Bromatologia e Química do Instituto Adolfo Lutz em São Paulo analisou o produto e emitiu um parecer, citando as características dele, como cor, cheiro, sabor e aspecto. Este definido como “maçã com cobertura de açúcar colorido”.

O pedido da família Farre também parou nas mãos do Serviço de Policiamento da Alimentação Pública do estado, que liberou um alvará de Aprovação e Registro de Produto Alimentício.

A patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade “Esse documento dá o direito de excluir terceiros da fabricação e comercialização daquele objeto por um prazo determinado”, explica Elias Damian da Silva Felipe, técnico em Propriedade Industrial do INPI.

Ele ressalta que o pré-requisito básico para se conseguir uma patente é provar a invenção, a novidade. Isso vale para receitas também. “Você tem que unir dois ou mais elementos e obter um efeito técnico novo”. Depois do prazo estipulado, o produto patenteado vira de domínio público. Atualmente, o tempo é de 20 anos.

Ponto certo
Apesar de copiado ao extremo, o doce encontrado em carrocinhas e barraquinhas tem seus segredos. Farre garante que o dele “é o melhor”. A receita ele não revela de forma alguma e ainda aponta onde os concorrentes erram. “O ponto (da cristalização) tem que ser o ponto bala. Antes, fica mole. Depois, queima. O tempo ideal vai no ‘olhômetro’”, ‘ensina’ o comerciante.

Fonte-G1

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